Complexo Trapiche Santo Ângelo será inaugurado nesta sexta-feira (28)
No dia 28 de novembro, às 16h30, a Prefeitura de São Luís entrega a obra de restauração e requalificação do Complexo Trapiche Santo Ângelo, no Centro Histórico da capital maranhense. A obra, executada ao longo de dois anos, destaca-se como a maior já realizada pela Prefeitura em um bem tombado.
Foram investidos mais de R$ 60 milhões em uma área superior a 14 mil m², com recursos provenientes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Vale S.A., via Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), e da própria Prefeitura de São Luís. Todo o processo foi proposto, conduzido e coordenado pela Fundação Municipal de Patrimônio Histórico (Fumph), que atuou como responsável técnica pela captação de recursos, contratação, fiscalização e acompanhamento das etapas de restauro e requalificação. Esse protagonismo reafirma o papel da Fundação como guardiã do patrimônio cultural da cidade, garantindo que o Complexo Trapiche Santo Ângelo fosse devolvido à população com qualidade e respeito à memória.
Composto por cinco armazéns erguidos entre o final do século XIX e início do século XX, duas chaminés e áreas livres, o Complexo Trapiche Santo Ângelo é um marco da memória comercial e fabril de São Luís. Instalado na antiga área portuária da Praia Grande, às margens do Rio Bacanga, o conjunto surgiu em um período de intenso dinamismo econômico, quando a capital maranhense se consolidava como entreposto comercial e industrial. Seus galpões funcionaram como espaço de beneficiamento e estocagem de produtos destinados à exportação, como o algodão, chegando a abrigar a primeira prensa em funcionamento industrial na província. As chaminés, são testemunhas da época em que o complexo também integrou a usina elétrica da cidade, responsável por fornecer energia para São Luís e para a fábrica de óleos de babaçu.
Ao longo das décadas, com a perda de função econômica e a ausência de manutenção, o espaço entrou em ruína, permanecendo subutilizado por anos. Agora, restaurado e requalificado, o Trapiche ressurge não apenas como patrimônio arquitetônico recuperado, mas como um símbolo de reconexão da cidade com sua história portuária, fabril e cultural, projetando-se também como polo de inovação e convivência.
Além da restauração arquitetônica, o Complexo Trapiche Santo Ângelo foi pensado para gerar impacto social e cultural: estima-se a circulação de pelo menos 500 pessoas por dia em seus espaços, estimulando a reocupação do Centro Histórico. A transferência de órgãos da administração municipal para o complexo garantirá ainda uma economia anual de R$ 1.560.000,00 aos cofres públicos.
Armazéns
Cada um dos cinco armazéns foi restaurado e passa a receber o nome de grandes personalidades ligadas à história e à cultura maranhense, associadas também às novas funções administrativas e culturais que terão vida no Trapiche:
Armazém 1 – Comendador João Gualberto da Costa: comerciante e industrial português, fundador da primeira prensa de algodão do Maranhão e primeiro presidente da Associação Comercial. O espaço sediará a Secretaria Municipal de Administração (Semad) e o Instituto de Previdência e Assistência do Município (Ipam).
Armazém 2 – Haroldo Tavares: engenheiro civil, ex-prefeito de São Luís e responsável por obras estruturantes como o Anel Viário, a Barragem do Bacanga e a Ponte do São Francisco. Neste espaço funcionarão a Secretaria Municipal de Informação e Tecnologia (Semit) e a Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento (Seplan).
Armazém 3 – Luiz Phelipe Andrès: engenheiro e pesquisador que liderou a candidatura de São Luís a Patrimônio Mundial pela Unesco em 1997 e dedicou a vida à preservação do Centro Histórico. No local será implantado o restaurante-escola do Senac, em parceria com o Sistema Fecomércio/Sesc/Senac Maranhão.
Armazém 4 – Dona Teté (Almerice da Silva Santos): dama da cultura popular e criadora do célebre Cacuriá de Dona Teté, que encantou gerações com sua irreverência e criatividade. Neste local funcionará a Secretaria Municipal de Inovação, Sustentabilidade e Projetos Especiais (Semispe) e o Centro de Criatividade e Inovação de São Luís (CECHICS), polo de economia criativa, empreendedorismo e inovação.
Armazém 5 – Humberto de Maracanã (Humberto Barbosa Mendes): amo, cantador e poeta do Bumba Meu Boi, autor de toadas imortalizadas como “Maranhão, meu tesouro, meu torrão”. O espaço será destinado ao Espaço Cultural Humberto de Maracanã (Multiuso), de apoio às atividades do CECHICS e da comunidade do Centro Histórico.
Entrega
Durante a cerimônia, cada armazém será entregue ao som de um grupo de Bumba Meu Boi, representando a diversidade dos sotaques maranhenses: Boi de Santa Fé (Baixada), Sociedade de Cururupu (Costa de Mão), Boi de Axixá (Orquestra), Boi da Fé em Deus (Zabumba) e Boi de Maracanã (Matraca). Nesse momento, o patrimônio material, simbolizado pela imponência restaurada do Trapiche Santo Ângelo, se encontra com o patrimônio imaterial, expresso na energia viva dos Bois. Juntos, edificações e tradições se entrelaçam para afirmar que a memória e a criatividade do povo maranhense permanecem indissociáveis, compondo uma narrativa que une passado, presente e futuro.
A programação contará ainda com a assinatura da parceria entre a Prefeitura e o Sistema Fecomércio/Sesc/Senac Maranhão, um marco que consolida a união entre cultura, educação e desenvolvimento. O ato formaliza a implantação do restaurante-escola no Armazém 3, um espaço que unirá formação profissional e gastronomia, promovendo capacitação, geração de oportunidades e valorização da culinária maranhense.
Segundo a presidente da Fumph, Kátia Bogéa, “o Trapiche Santo Ângelo é mais que um restauro: é a devolução de um espaço de memória, inovação e futuro para São Luís. Um presente para a cidade e para todos que acreditam na força e na resistência do nosso patrimônio cultural.”
Na mesma direção, o diretor-presidente do Instituto Cultural Vale, Hugo Barreto, reforça a importância da iniciativa. “A restauração do Trapiche Santo Ângelo, um marco arquitetônico de São Luís, contribui para a valorização do Centro Histórico, promove novos usos do espaço urbano e democratiza o acesso à cultura e à história maranhense. E é uma iniciativa que se soma a um conjunto de ações da Vale no estado, com o objetivo de fomentar a cultura e o desenvolvimento social.”
