Operação contra lavagem de dinheiro fecha postos de combustíveis em quatro cidades do Maranhão

Operação contra lavagem de dinheiro fecha postos de combustíveis em quatro cidades do Maranhão

Em uma atuação integrada entre o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado do Piauí, a Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI), por meio da Polícia Civil, e o Instituto de Metrologia do Piauí (Imepi), foi deflagrada, nesta quarta-feira (5), a Operação Carbono Oculto 86, que investiga a infiltração do Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor de combustíveis no estado do Piauí.

De acordo com as investigações, foram constatados indícios de que o grupo utilizava empresas de fachada, fundos de investimento e fintechs para lavar capitais ilícitos, fraudar o mercado de combustíveis e ocultar patrimônio. Entre as empresas investigadas, o montante das movimentações financeiras chega a R$ 5 bilhões.

A operação resultou na interdição de 49 postos de combustíveis nos municípios de Teresina, Lagoa do Piauí, Demerval Lobão, Miguel Leão, Altos, Picos, Canto do Buriti, Dom Inocêncio, Uruçuí, Parnaíba e São João da Fronteira, no Piauí; Peritoró, Caxias, Alto Alegre e São Raimundo das Mangabeiras, no Maranhão; e São Miguel do Tocantins, no estado do Tocantins. Além das interdições, também foram cumpridos mandados de busca e apreensão em residências e sedes empresariais, bem como bloqueio judicial de contas e bens, e a suspensão das atividades econômicas das empresas associadas.

Em coletiva de imprensa realizada na sede leste do MPPI, com a presença de representantes do MPPI, da Secretaria de Segurança Pública e do Imepi, a procuradora-geral de Justiça, Cláudia Seabra, destacou: “Essa operação começa em São Paulo, inclusive com prisões, e aqui, a partir de uma investigação também do Procon, com o Imepi e a Polícia Civil, nós verificamos que o modus operandie muitos dos atores eram os mesmos. Esse é um trabalho responsável, criterioso, com evidências baseadas em inteligência”.

A operação representa um marco para o estado, principalmente pelo caráter interinstitucional, com a união de esforços entre a Polícia Civil, o MPPI e o MPSP, que compartilhou informações sobre a Operação Carbono Oculto deflagrada em agosto, viabilizando a ampliação das investigações para outros estados, como apontou a promotora de Justiça Lenara Porto, coordenadora do Gaeco/MPPI: “Nós participamos de reuniões nacionais para articular todo o compartilhamento de informações, porque não é só aqui no Piauí que esse esquema acontece. Nós fomos o primeiro estado que conseguiu deflagrar a operação após a Carbono Oculto, mas o grupo também está em outros estados”, comentou.

O secretário de Segurança Pública do Piauí, Chico Lucas, ressaltou os impactos do esquema criminoso no estado: “Essa infiltração do PCC no sistema de combustíveis trouxe um desequilíbrio para os consumidores, que tinham, diariamente, prejuízos com a chamada ‘bomba baixa’, com alterações qualitativas por meio da adição de álcool ou outros aditivos ao combustível. Impactava também os demais postos de combustíveis, que sofriam com a concorrência desleal, e o próprio fisco, que deixou de arrecadar por conta dessas operações ilícitas. Essa operação mostra que o crime organizado encontra forte resistência nas autoridades locais”, comentou.

Subcoordenador do Gaeco/MPPI, o promotor de Justiça José William Pereira Luz explicou uma mudança importante no modo como a organização criminosa tem atuado, principalmente em relação à lavagem de capitais: “Hoje, o grande foco é ganhar dinheiro em atividades lícitas. Pega-se aquele capital inicial que é gerado pelo narcotráfico e ele é jogado em atividades lícitas que têm se expandido, principalmente em três áreas: distribuição de medicamentos, construtoras e postos de combustíveis”, disse.

A operação aliou inteligências financeira e de segurança, constatando uma interconexão direta entre empresários locais e os mesmos fundos e operadores financeiros investigados pela Operação Carbono Oculto, que integrou a Receita Federal, a Polícia Federal, o Ministério Público de São Paulo e a Polícia Militar paulista para desarticular um esquema nacional de lavagem de dinheiro de organizações criminosas.

Andrezza Cerveira

Editora responsável. Profissional da comunicação com 20 anos de atuação no mercado maranhense. Atualmente apresenta o programa Diário Mais, na Rádio Mais FM 99.9, de segunda a sexta-feira, de 06h às 08h. Também possui no currículo experiências na extinta Rádio NOVA FM 93.1, TV Difusora, Portal Difusora On, Coordenadoria Municipal da Mulher de São Luís, Secretaria de Comunicação da Prefeitura de São Luís, além de campanhas políticas e assessoria de imprensa para organizações privadas. Ao longo da carreira, exerceu praticamente todas as funções do jornalismo: reportagem, produção, produção executiva, chefia de edição, chefia de reportagem, apresentação e coordenação de jornalismo.
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