Lançada a pedra fundamental do Centro de Saberes Tenetehar
Preservar o conhecimento dos povos originários e abrir possibilidades de inovação, sustentabilidade e empreendedorismo. Assim nasce o Centro de Saberes Tenetehar, localizado no município de Amarante do Maranhão, no território indígena Araribóia. O lançamento da pedra fundamental pelo Instituto Tukan, nesta quarta-feira (11), marcou o início do trabalho de transformação do centro na primeira universidade dentro de um território indígena.
A solenidade de lançamento contou com a presença do governador do estado, Carlos Brandão e da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, prefeitos, deputados, secretários e representantes do Instituto Tukan, como a diretora executiva Fabiana Guajajara.
O Sebrae Maranhão é um dos parceiros do Instituto Tukan e esteve no evento representado pelo diretor Superintendente, Albertino Leal e a equipe da Unidade de Negócios do Sebrae em Grajaú. A parceria com o Instituto Tukan visa promover capacitações voltadas para o empreendedorismo, melhoria nos processos produtivos e inovação das atividades já realizadas pelos indígenas.
As primeiras turmas receberam os certificados durante a cerimônia de lançamento da pedra fundamental. Representando os 30 alunos que participaram das oficinas sobre empreendedorismo e comercialização, DorileneGuajajara conta como essas formações contribuíram para a sua atividade de artesã. “Eu queria agradecer ao Sebrae pelo curso. Eu sou artesã e é muito importante a gente aprender a vender os nossos produtos no mercado. Nós, indígenas, não sabemos bem como fazer isso. Então, foi muito importante e a gente quer que venham outros cursos, para gente e para os jovens aprenderem como se desenvolver no mercado de trabalho”, ressalta Dorilene.
Citando o Sebrae, o governador Carlos Brandão destacou a importância das parcerias para implementação do projeto do Centro de Saberes Tenetehar. “É um momento histórico para o Brasil e para o Maranhão. Vamos ter em nosso estado a primeira universidade em território indígena. O estado está apoiando, mas são essas parcerias como do Sebrae ,a Uema, Iema, que vão fazer uma cooperação técnica, e outras que vão fazer isso se tornar realidade”, afirma.
A construção desse centro dentro do território é a realização de um sonho para a comunidade indígena. Para além de um espaço para educação formal, a instituição visa preservar os saberes originários, como explica Fabiana Guajajara, diretora executiva do Instituto Tukan.
“A universidade vem de encontro a uma necessidade do nosso povo de terminar o ensino médio e opções de cursos técnicos e de nível superior. Até então a gente acessa nos municípios fora do nosso território. A gente precisa desse acesso aqui dentro para que os jovens não precisem sair das suas comunidades para ter essa formação”, conta Fabiana.
Atualmente o centro conta com uma sala de aula e refeitório. O projeto apresentado durante o lançamento conta com uma área de mais de 2 mil hectares e arquitetura que faz referência às moradias tradicionais, além do uso de materiais e técnicas de construção sustentáveis.
O diretor Superintendente Albertino Leal explica que o Sebrae tem muito a contribuir com esse projeto e que esse é só o início dessa parceria. A ideia é desenvolver trilhas de capacitações que ofereçam ferramentas adequadas ao território e para isso será feita uma escuta para entender as reais necessidades da comunidade.
“Nós acreditamos muito nas ideias transformadoras e na atitude. Então, nós estamos muito felizes de estarmos contribuindo com o centro. Nós vamos trazer qualificações em diversas áreas. Primeiro em empreendedorismo que é uma necessidade. Aqui nós temos possibilidades amplas, preservando a cultura ancestral desses povos, mas trazendo também situações inovadoras para pensar ideias para gastronomia e turismo rural, por exemplo, afirmou o superintendente.
Ele explicou que a inovação é muito importante para a qualificação dos indígenas. “Podemos melhorar os plantios já existentes. Trabalhar o artesanato que já é tradicional, mas trabalhar também a inovação como forma de acessar outros espaços. E a gente está aprendendo também. Nós estamos inclusive fazendo uma trilha vendo as vocações dos indígenas, vendo o que podemos construir juntos, incluindo eles nesse processo”, explicou.